Em apenas meio século, nossa sociedade foi jogada nos braços do consumo desenfreado. Como resultado, compramos coisas que não precisamos e que muitas vezes nem úteis se apresentam para nosso consumo.
Mas quais as razões para continuarmos comprando coisas que não fazem sentido pra nós? Bem, existem inúmeros motivos pra isso, desde a adrenalina que antecede o momento da compra até a felicidade ao usar um objeto novo pela primeira – e algumas vezes única – vez.
Nos identificamos demais com nossas posses
Em 1937, Abraham Bredius, um dos historiadores de arte mais prestigiados do mundo, que dedicou grande parte de sua vida ao estudo de Vermeer, pensou ter encontrado a pintura de Vermeer “ Cristo e os discípulos em Emaús”, que ele descreveu como “ uma expressão da arte suprema ”. O valor da pintura era absurdo. No entanto, anos depois, descobriu-se que era uma obra falsa e a pintura diminuiu drasticamente de valor.
Mas se a pintura era tão boa, por que não manteve seu valor?
Bem, a razão é óbvia: muitas vezes o valor das coisas não está no produto em si, mas sim em como a sociedade vende ela. Ou seja: O valor dos objetos é amplamente determinado pelas crenças que temos sobre eles, pelo que representam e, claro, pelo que pensamos que dizem sobre nós.
Através do que compramos e temos nos expressamos, mostramos nossas crenças e personalidade. Por exemplo, os usuários da Apple podem se identificar com a aura de inovação, genialidade e um certo elitismo que cerca seus produtos.
Em 2010, neurocientistas da Universidade de Yale escanearam o cérebro de um grupo de pessoas enquanto colocavam objetos em um recipiente marcado como “meu” ou em um recipiente marcado com o nome de outra pessoa. Eles encontraram atividade no córtex pré-frontal medial em resposta à visão dos próprios objetos. Essa mesma zona foi ativada quando os participantes descreveram sua personalidade porque está relacionada ao pensamento sobre si mesmo. Isso significa que vemos nossas posses como uma extensão de nós mesmos. Não é doido isso?
Nós não compramos apenas um objeto
… mas a construção social construída em torno dele. Por isso acabamos comprando coisas com as quais não nos identificamos e acabamos acumulando. Cada compra contém uma ilusão, por menor que seja.
Quando esse produto deixa de nos excitar, procuramos outro que volte a gerar a promessa de felicidade. É por isso que acabamos trocando coisas que ainda podemos usar e comprando coisas que não precisamos. Ou seja: compramos experiências, sensações. Não coisas.
Eis, então, a razão para sermos acumulativos. Estamos sempre à procura de algo que satisfaça nossas emoções, e elas nunca estarão satisfeitas.
Texto originalmente publicado em rinconpsicologia e adaptado pela equipe do blog Sabedoria Pura.