A criança faz birra, responde, desobedece. Será que nessas horas coloca-los no famoso “cantinho da disciplina” funciona? Duas especialistas defendem seus diferentes pontos de vista:

A educadora Cris Poli defende que SIM.

“Esse é um procedimento para corrigir o comportamento errado e ensinar o certo. O método tem começo, meio e fim e é aplicado com base em regras simples, claras e concretas que são estabelecidas pelos pais ou educadores em geral.  Elas devem ser relacionadas às características e necessidades de cada criança e definidas com a intenção de ajudá-la na formação do seu caráter. Os pais mostram ao filho as regras,  explicam e fazem um combinado de obediência. Se ele desobedece, o pai ou a mãe faz uma advertência. Se a desobediência se repete em um período de 24 horas, a criança é levada ao cantinho da disciplina. A criança fica sentada ali um minuto por ano de idade – o suficiente para que ela possa aprender a refletir sobre seu comportamento. Depois desse tempo, o pai ou a mãe se aproximam e perguntam ao filho se sabe por que foi colocado ali. Geralmente ele sabe. Então, ele pede desculpas e os pais o abraçam, beijam e dão muitas manifestações de amor.  Esse método dá certo porqueo pequeno precisa de limites, que são aqui colocados com carinho, perseverança e convicção. Não é castigo e não deixa marcas negativas. Aproxima os filhos dos pais porque a criança percebe o amor e a dedicação no processo de educação.”

  • Cris Poli é educadora, especialista em educação infantil, apresentadora do Supernanny (SBT) e autora de, Pais Responsáveis Educam Juntos (Mundo Cristão) e Filhos Autônomos, Filhos Felizes (Gente), e Filhos Autônomos, Filhos Felizes (Gente), entre outros livros.

Já a pedagoga Telma Vinha defende a opinião de que NÃO.

“Quando frustrada ou brava, a criança pequena ainda não consegue controlar seus impulsos, como bater ou gritar. Apesar de muitas vezes os tapetes ou cantinhos da disciplina funcionarem no sentido de, com o tempo, a criança não apresentar o comportamento indesejável, essa sanção não favorece o desenvolvimento, porque o comportamento é apenas contido, e não transformado, já que o controle vem do adulto. O cantinho é considerado medida punitiva, pois não está ligado ao ato cometido e não ensina estratégias mais eficazes para resolver conflitos, expressar sentimentos e aprender a necessidade das regras. Embora muitos adultos achem que a criança ficará ali para pensar, sabemos que ela é incapaz de refletir sozinha sobre as causas e as consequências de suas ações. Os conflitos deveriam ser vistos como oportunidades de aprendizagem, dando pistas aos adultos sobre o que opequeno precisa aprender. Assim, adequamos a intervenção às necessidades dele. Uma explosão da raiva, por exemplo, é útil para trabalharmos a expressão dos sentimentos. Nosso objetivo é que a criança desenvolva a autorregulação, ou seja, que consiga controlar um ato de raiva expressando o que sente com palavras para que, no futuro, ela demonstre seu descontentamento de forma mais assertiva. Se for preciso afastá-la, é importante que ela decida quando está apta para sair e retornar à atividade ou brincadeira, seguindo as regras e estabelecendo com os pais, irmãos ou colegas o compromisso de mudar o comportamento.”

  • Telma Vinha é pedagoga, pesquisadora e professora do Departamento de Psicologia Educacional da Unicamp. É autora, entre outros, do livro Quando a Escola É Democrática: um Olhar sobre a Prática das Regras e Assembleiasna Escola (Mercado das Letras).

E você, qual sua opinião sobre o cantinho da disciplina, agora que viu duas opiniões diferentes de profissionais da educação?

Texto originalmente publicado em claudia e adaptado pela equipe do blog Sabedoria Pura.