É possível que sintamos emoções tão opostas ao mesmo tempo? Bem, a ambivalência vive em cada um de nós. Podemos querer e não querer ao mesmo tempo. amor e ódio Desejar e rejeitar. Então, sim: é possível!

O problema que a sociedade enxerga nisso é pela razão de surgirem conflitos a partir dessa ambivalência. E também a culpa, pois nos culpamos por não sabermos exatamente o que sentir em relação à algo ou alguém.

O que é ambivalência afetiva?

A ambivalência afetiva, em particular, envolve experimentar simultaneamente emoções e sentimentos positivos e negativos em relação a algo ou alguém.

E você se engana se pensa que isso pode ser evitado: é uma parte da nossa existência que não podemos nem conseguimos ignorar.

A armadilha do amor/ódio

Esse querer e não querer gera um cabo-de-guerra psicológico que pode acabar nos afetando.  Fazemos malabarismos com essas emoções conflitantes, para que não nos movamos em nenhuma direção, não tomemos nenhuma decisão. Obviamente, esse estado pode se tornar muito emocionalmente desgastante a longo prazo.

Um dos efeitos é a ansiedade: Amar e não querer, amar e odiar ao mesmo tempo, gera uma dissonância emocional que nos faz sentir mal. Mas não se engane: o problema aqui não é a ambivalência, e sim nossa incapacidade de lidar com ela. Quando acreditamos que devemos sempre ter as coisas claras e detestamos a indecisão, a ambivalência nos incomoda muito, pois não parece que  somos tão consistentes e determinados como pensamos que somos.

E tudo isso acaba refletindo no nosso comportamento.  Um estudo realizado na Universidade de Amsterdã revelou que as pessoas que vivenciaram ambivalência em relação à atividade física ou alimentação saudável tiveram mais dificuldade em levar um estilo de vida saudável, enquanto aquelas que estavam convencidas de seus benefícios não tiveram tanta dificuldade em mudar seus hábitos. 

Compreender as causas da ambivalência afetiva, a chave para superá-la

A melhor forma de superar a ambivalência afetiva é compreendendo-a. Por que razão o amor e ódio são sentimentos opostos? Isso é algo que a sociedade nos faz acreditar. Nesse caso, parece impossível falar sobre odiar alguém que você ama sem cair em uma contradição lógica, não é mesmo?

Na realidade, o amor e o ódio são apenas extremidades da mesma linha. De fato, um estudo realizado na South China Normal University descobriu que quanto mais amamos uma pessoa, maior o ódio que podemos sentir se o relacionamento terminar.

“ Quanto mais profundo o amor, mais profundo o ódio ”, dizem os pesquisadores. E não faz sentido? Afinal, só conseguimos odiar aquilo que importa, de alguma forma, para nós. O que é indiferente jamais será odiado.

Se transformarmos a linha de amor/ódio em um círculo, perceberemos que esses extremos podem se tocar, então não é irracional sentir amor e ódio ao mesmo tempo, especialmente quando nos concentramos em diferentes aspectos da pessoa ou da situação .

Por fim, concluímos que a ambivalência afetiva não é um problema se não fizermos disso um problema. Está lá apenas para nos lembrar que somos humanos, afinal.

Texto originalmente publicado em rinconpsicologia e adaptado pela equipe do blog Sabedoria Pura.