“Quero viver do meu jeito!” “Não quero que as pessoas se metam na minha vida!”, Tenho vontade de mandar tudo as favas e seguir sozinha meu caminho!”. Quem nunca pensou em largar tudo e todos e sair por aí? Então, o que leva uma pessoa a um dia fazer as malas e deixar toda a vida para trás? Deixar sua carreira, sua família, seus amigos, seu lar e se aventurar neste mundão afora.
Apesar de parecer estranho que alguém queira desaparecer por vontade própria da face da terra, há relatos de muitas pessoas que “desaparecem” e vão viver em comunidades hippies, na floresta, em praias desertas, nas cavernas ou simplesmente “evaporam” nas ruas onde praticamente se tornam invisíveis. Isso mesmo, você olha para os mendigos ou pedintes na rua? você se preocupa com eles? você pensa que pode ter uma família preocupada por trás daquela criatura abandonada, por vontade própria ela estaria ali? algum desajuste com certeza ela tem para quer ter a ideia de se afastar da sociedade.
Em 1854, um homem chamado Henry David Thoreau decidiu escrever um livro sobre sua tentativa de viver uma vida completamente isolada, longe da civilização, por mais de dois anos. Ele nomeou o livro “Walden; Vida nos Bosques” em homenagem ao nome da lagoa da região onde morou. E ele não é o primeiro a ter essa ideia e a pergunta crucial é: o que faz com que as pessoas fiquem desesperadamente infelizes para largar tudo e tentar se conectar a natureza? Desintoxicação mental?
Podemos citar um príncipe de uma região no sul do Nepal, mais conhecido como Budha que, tendo renunciado ao trono, se dedicou à busca da erradicação das causas do sofrimento humano e de todos os seres, e desta forma disse ter encontrado um caminho até ao “despertar” ou “iluminação”. Budha renunciou a todos os bens materiais procurando seu “eu interior”, a “sua verdade”, o que nos leva a reflexão que somos seres incompletos, perenes, investigativos, curiosos e sempre em busca de algo mais, mas será que encontraremos?
David Strayer, psicólogo cognitivo da Universidade de Utah, dá uma explicação interessante sobre o que pode levar alguém a querer viver em meio à natureza. Strayer estudou o efeito da natureza em nossos cérebros. Ele afirma que o cérebro é um órgão “facilmente fatigável”. É por isso que é tão importante desacelerar, porque quando damos uma pausa no trabalho e olhamos para a natureza ao redor, isso pode ajudar a nos revigorar e melhorar nosso desempenho mental. Na opinião dele, a natureza é um antídoto para a vida moderna. Estar em um ambiente natural é uma espécie de desintoxicação, uma limpeza mental.
Desconectado da natureza? Uma pesquisa recente descobriu que aproximadamente 10% dos adolescentes que vivem nos EUA passam algum tempo fora de casa todos os dias. Outra pesquisa constatou que os adultos passam mais tempo dentro de veículos do que na natureza – menos de 5% do dia são dedicados a estar ao ar livre. Um desses pesquisadores afirmou que hoje as pessoas buscam a felicidade em coisas materiais, como por exemplo fazer compras. Mas considerando que a humanidade evoluiu em meio à natureza, não faz muito sentido estarmos tão desconectados dela.
Aparentemente, as pessoas que deixam tudo para trás e procuram viver em uma praia deserta, ou uma terra verde ou montanhosa, em total contato com a natureza estavam certos de alguma maneira, já que a maioria dos especialistas concordaria com o fato de que morar próximo à natureza nos ajuda a aliviar o estresse do corpo. Em uma das pesquisas, eles descobriram que as pessoas que moravam mais perto de áreas verdes relatavam menos sofrimento mental.
Em outro estudo, eles descobriram que pessoas que têm uma janela com vista para árvores e grama podem se recuperar mais rapidamente nos hospitais, apresentar melhores desempenhos na escola e até mostrar tendências menos violentas nos bairros onde essa situação é mais presente. Até mesmo fotos têm um efeito calmante sobre as pessoas.
O número de pessoas que vivem hoje desconectadas da sociedade está aumentando. Os estudos sugerem que isso tem algo a ver com autoconfiança ou simplesmente porque algumas pessoas querem ter mais contato com a natureza. Por outro lado, outras simplesmente querem se afastar de tudo pois estão desconfiando da sociedade que não as protege, não lhes dá segurança material, nem espiritual, nem mental, nem física, onde estamos a mercê da violência, da falta de medidas educativas, de medidas preventivas, e direito a uma saúde de qualidade.
Um fundador de uma comunidade alternativa sugere que isso tem algo a ver com a natureza instável das redes sociais. Há pessoas que sentem que a sociedade não fornece mais a sensação de segurança que gostariam. Isso tem a ver com o desejo de viver sozinho. Enquanto nos tempos antigos era costume se casar jovem e não se divorciar, hoje existe uma pressão real para que você preencha seu coração de alguma maneira. De acordo com as pesquisas, o número global de pessoas que vivem sozinhas está subindo rapidamente, com um aumento de 80% em 15 anos.
Embora muitas pessoas tenham levado as coisas um pouco mais longe do que simplesmente viverem sozinhos, uma das razões pelas quais eles queriam se refugiar da sociedade é porque sentiram que sozinhos seriam mais felizes. Será que encontraremos a felicidade e paz de espírito sem a troca com os pares? Será que evoluiremos espiritualmente sozinhos?
Este artigo foi compilado de muitos estudos e pesquisas realizados na internet e foi reproduzido adaptado por equipe do blog cantinho.