A família precisa evitar ser geradora contínua de consumismos, impedindo que a criança ou o jovem exija um tênis que custa o preço de dois pneus de um carro, ou uma calça que tem o mesmo preço de uma televisão de 42 polegadas. Não se deve admitir que uma criança confunda desejos com direitos!
A escola e a família, evidentemente, têm uma responsabilidade em relação a isso. Há uma necessidade de olhar essas gerações que aí estão e pensar que parte delas não tem a ideia do que é o esforço. Tem menino de 20 anos que, como disse, nunca lavou uma louça, jamais arrumou uma cama. Na Alemanha e nos Estados Unidos, o menino lava a louça, retira a neve, corta a grama mesmo se for filho do presidente de uma multinacional. São sociedades do esforço. O ator Kirk Douglas, pai de Michel Douglas, tem uma frase incrível: “Deus me abençoou, eu nasci pobre. E quis ensinar isso a meus filhos. Não a serem pobres, mas no que se refere à ideia do esforço”.
Há uma sociedade cada vez mais mais frouxa na forma de comunicação com seus filhos. Isso nos coloca numa rota a ser pensada. Nós temos uma grande questão na vida, que um dia foi colocada por Pierre Dac (1893 – 1975), ator do cinema francês do século XX, que disse: “o futuro é o passado em preparação”. Por isso, qual passado que vamos ter daqui a 20, 30 anos? Qual é o nosso legado? A atual geração de adultos será conhecida como a que fez o que em relação ao mundo, aos outros, à História, à convivência, às comunidades? Nós temos um sinal claro, hoje, de ensandecimento em várias áreas da nossa convivência.
A família tem sinais de enlouquecimento. Aos sábados, famílias inteiras saem de casa para ir a um restaurante para comer “comida caseira”. À tarde, pais e mães levam os seus filhos em festa num bufê infantil, que é um lugar para fazer festa fora de casa. Dessa forma, as crianças passam a ter clareza de que o melhor lugar, mais alegre, é aquele fora de casa. Cuidado. Estamos criando uma geração de robôs. De autômatos. Mario Sergio Cortella
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Trecho extraído do Livro: Educação, Convivência e Ética – Mário Sérgio Cortella. Páginas 96 a 99. Cortez Editora, São Paulo- SP –
FONTE portalraizes