Aos 19 anos, Leandro pretende ser exemplo para outros jovens.
Algumas pessoas não costumam perder oportunidades,. É o exemplo de Leandro de Oliveira Maximiano, 19 anos. Quando foi convidado para atuar como professor do curso de barbeiro, no mês de setembro, depois de ter concluído a mesma capacitação em julho, não hesitou. Por hora, é Leandro quem ensina aos alunos as melhores técnicas de corte de cabelo e de barba.
A trajetória de Leandro não foi nada fácil.
Mas chegar até aí não foi fácil. Leandro está em meio aos 120 estudantes do Centro Municipal de Educação dos Trabalhadores (CMET) Paulo Freire, uma escola municipal de Educação de Jovens e Adultos (EJA) do bairro Santana. Esses alunos são pessoas que viveram em abrigos de Porto Alegre chegaram no projeto Possibilitar Sonhos e Construir o Futuro. A ação é fruto de uma sociedade entre Senac-RS, Ministério Público do Trabalho, Ministério Público e Organização Internacional do Trabalho (OIT).
O projeto iniciou em 2017, dispondo de capacitação em três modalidades: manicure, maquiagem, corte masculino e barba. Durante o curso, gratuito, o jovem recebe material e vale-transporte. Ao finalizar o curso, o aluno ganha um kit com utensílios para dar continuidade à profissão. O CMET Paulo Freire também fornece refeição.
No abrigo residencial 12, no bairro Ipanema, Leandro morou por um mês. Por um período morou na rua, trabalhou como flanelinha e como Jovem Aprendiz, mas jamais abandonou a escola. Fazia um esforço para sai da Zona Sul e ia até a zona norte de Porto Alegre para estudar na Escola Chico Mendes. Mais tarde, por indicação da diretora, pediu transferência para o CMET Paulo Freire, onde permaneceria mais perto das atividades cotidianas. Nesse período, Leandro já morava sozinho e carecia encontrar meios de se sustentar.
Leandro contou— “Mesmo passando por muitos sufocos, eu nunca usei droga, nunca bebi. Fiquei sabendo do curso oferecido e vim para cortar o cabelo. Depois, me interessei. Fiz dois cursos na mesma área, um básico e outro avançado. Assim que terminei, comecei a atender a domicílio.”
Muito destacado entre os colegas, e logo depois da formatura, Leandro foi convidado pelo Senac para assumir uma turma como professor. Atualmente, ele atua entre as funções de docente, operador de caixa em um posto de gasolina e, nos atendimentos na casa dos clientes.
— “Gosto de ensinar e sei que muitos podem se espelhar em mim. Sempre digo aos alunos para terem fé, foco e força, pois hoje estou aqui, mas amanhã podem ser eles no meu lugar” — completa o professor, que ainda quer cursar Direito e ter o próprio salão, afirma Leandro.
Novas esperanças
Além de Leandro, diferentes alunos também tiveram a mesma oportunidade através do projeto. O maior pretensão dos responsáveis pela iniciativa é oferecer alternativas a esses jovens que, muitas ocasiões, não contam com o apoio dos familiares.
A diretora interina do Senac Centro Histórico, Liliane Netto Valls relatou que –“Sabemos que, ao se aproximar dos 18 anos, quando precisam deixar o abrigo, eles começam a viver a angústia por não terem mais aquele suporte. Esses cursos geram uma possibilidade para a virada de chave na vida deles.”
— “Tu vês no olhar de cada aluno que essa oportunidade muda a vida deles, é a possibilidade de seguirem uma carreira. E é muito legal ver vários desses jovens saindo daqui, trabalhando e, muitos deles, fazendo ações sociais “— conclui o facilitador de soluções corporativas do Senac, Sanderson Karkow.